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quarta-feira, 17 de março de 2021

MANTENDO TRADIÇÃO, AGRICULTORES CEARENSES PREPARARAM A PLANTAÇÃO PARA O DIA DE SÃO JOSÉ

A dois dias do festejo de São José, padroeiro do Ceará, na próxima sexta-feira (19), e data final, segundo a tradição sertaneja, para se fazer o plantio de grãos de milho, feijão, arroz e de sorgo forrageiro, os agricultores estão no campo concluindo o preparo de terra, fazendo a limpeza do roçado para aqueles que já cultivaram ou iniciando a plantação. Em Iguatu, na região Centro-Sul do Ceará, dez tratores da secretaria de Agricultura do município trabalham com intensidade para concluir o preparo de solo até o próxima sexta-feira. “Já fizemos 1.500 hectares e vamos atender cerca de 800 agricultores”, pontuou o titular da pasta, Venâncio Vieira. “A meta é chegar a 1800 hectares, ou seja, 600 hectares a mais do que em 2020”. O agricultor Luís Souza traz, em seis décadas de vida, a experiência com os anos de chuva no sertão cearense. Ele foi um dos atendidos com o programa de preparo de terra de uma área de um hectare e meio para o plantio de milho e feijão, no distrito de José de Alencar. “Mantenho a fé que teremos chuva para uma boa safra”, prevê. “No ano passado, a chuva foi mais constante a partir do fim de março”. Em cima de um trator, trabalhando desde o fim de semana passado, o produtor rural Carlos Vieira, na localidade de Jurema, zona rural de Jucás, concluiu na manhã desta terça-feira (16), o preparo de uma área de cinco hectares. “Estamos plantando milho e sorgo, que é para assegurar a alimentação do gado leiteiro. Foi bom que fizesse sol nos últimos dias para dar tempo de fazer o plantio”, comentou Carlos. Incertezas Há doze dias que não chove na maior parte da zona rural de Iguatu. A ausência das precipitações traz incertezas. O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Iguatu, Evanilson Saraiva, avalia que “até agora o inverno tem sido bom, sem ataque de lagartas no cultivo de milho e feijão, mas a falta de chuva nos últimos dias traz preocupação”. O agricultor Luís Ferreira, do distrito de José de Alencar, disse acreditar que “depois do dia de São José, a chuva vai voltar”. Ele plantou um hectare de milho e meio hectare de feijão de forma consorciada há 20 dias. “Quem plantou mais cedo já está com o milho começando a murchar e fica preocupado”. Venâncio Vieira mantém a esperança em “um bom inverno” também a partir deste fim de semana. “A região Norte do Estado mais uma vez está sendo beneficiada com boas chuvas, mas esperamos melhoria para outras áreas do Estado”. O presidente do Sindicato Rural de Quixeramobim, Cirilo Vidal, mostra que na região do Sertão Central o quadro até o momento é de preocupação. “A chuva está muito irregular e na nossa avaliação só a metade dos agricultores fez plantio até agora. A outra parte fica esperando o tempo melhorar, que fica bonito para chover, nublado, mas não cai um pingo d’água”, preocupa-se Vidal. Previsões No campo, a irregularidade das chuvas e as previsões da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) de que a atual quadra chuvosa (fevereiro a maio) tem maior probabilidade de ficar abaixo da média histórica, traz desconfiança para cerca da metade dos produtores rurais, pelo menos nas regiões Centro-Sul, Cariri e Ibiapaba. A formação de áreas de instabilidade devido ao calor e umidade presentes em grande parte do interior favorece a ocorrência de chuva em metade do Ceará para esta quinta-feira (18) e sexta-feira (19), segundo aponta previsão da Funceme. A Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), uma banda larga de nuvens, e que é o principal sistema que traz chuva para o semiárido nordestino nessa época do ano, continua afastada da costa cearense. Para que a ZCIT se aproxime, é necessário que a temperatura das águas superficiais do Oceano Atlântico Tropical Sul estivesse mais aquecida em relação à porção norte da linha do Equador. De acordo com a gerente de meteorologia da Funceme, Meiry Sakamoto, as chuvas dos últimos dias no Ceará não tem relação com a Zona de Convergência Intertropical e foram ocasionadas por áreas de instabilidades devido ao calor e umidade presentes”. Baú e fé Na localidade de Baú, zona rural de Iguatu, pelo segundo ano seguido e devido à pandemia do novo coronavírus, será quebrada uma tradição de mais de cem anos – a celebração de uma missa pela manhã cedo, no Dia de São José, sob a sombra de uma árvore fícus para agradecer ao santo e renovar preces de boas chuvas. “Infelizmente, não teremos a liturgia tradicional, mas a fé está no coração do sertanejo, que tem em São José um santo de forte devoção no Ceará”, observou o monsenhor Afonso Queiroga. "Em casa, cada um, com certeza, vai fazer as suas preces ao nosso padroeiro". SITE: DIÁRIO DO NORDESTE

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